Banco se recusa ou demora a alterar nome de pessoas trans: Quais são os direitos? Como exigir a mudança? Pode gerar indenização?

Mariana Butuhy Zilli • 23 de junho de 2025

Alteração de Nome em Bancos  e outros órgãos: Um Direito Fundamental das Pessoas Trans

A mudança de nome é um direito fundamental reconhecido no Brasil, especialmente após as decisões do STF e o Provimento nº 73/2018 do CNJ, que permitem a alteração de nome e gênero diretamente em cartório, sem necessidade de ação judicial.


Porém, mesmo após a retificação dos documentos, muitas pessoas trans enfrentam dificuldades junto aos bancos na hora de atualizar seus dados cadastrais.


A dúvida mais comum é: o banco pode se recusar ou demorar indefinidamente para alterar meu nome? Isso gera direito a indenização?


O Banco Pode Negar ou Demorar para Alterar o Nome de Pessoa Trans?


A resposta é clara: não pode.

Após a apresentação dos documentos retificados (RG, CPF, certidão), o banco tem o dever legal de realizar a atualização cadastral de forma rápida e eficiente. A demora excessiva caracteriza falha na prestação de serviços.


Além disso, manter o nome antigo (o chamado deadname) exposto em extratos, boletos, cartões ou no aplicativo bancário, pode representar uma violação direta ao direito à dignidade, à identidade e à intimidade da pessoa trans.


Requisitos para Configurar Dano Moral


Para que a indenização por dano moral seja devida, geralmente os tribunais analisam os seguintes pontos:

  1. Demora injustificada ou recusa na alteração mesmo após a apresentação dos documentos oficiais.
  2. Exposição ao constrangimento público (ex.: nome antigo aparecendo em extratos, cartões, aplicativo).
  3. Nexo de causalidade entre a conduta do banco e o sofrimento causado.
  4. Gravidade da situação: quanto maior o tempo de espera ou os prejuízos emocionais, maior tende a ser o valor da indenização.


Importante: não é preciso provar o sofrimento emocional com laudos psicológicos. O dano é considerado in re ipsa (presumido), ou seja, a própria situação já evidencia o constrangimento.


O Que Fazer Se o Banco Não Atualizar o Nome?


1. Formalize o Pedido


  • Solicite por escrito.
  • Guarde protocolos de atendimento, e-mails ou capturas de tela.


2. Registre Reclamações


  • Procon
  • Banco Central do Brasil
  • Se o banco tiver canal de WhatsApp, use também.


3. Aja Judicialmente se Necessário


Se a situação não for resolvida rapidamente (em alguns casos, tribunais entendem como “prazo razoável” 48 horas a 7 dias), procure uma advogada de sua confiança para:


  • Entrar com uma Ação de Obrigação de Fazer (para exigir a alteração imediata).
  • Incluir pedido de indenização por dano moral, com base no artigo 14 do CDC, no artigo 5º da Constituição Federal e nas decisões recentes de tribunais.


Conclusão


Se você é pessoa trans e está enfrentando esse tipo de problema, saiba que a lei está ao seu lado. Os tribunais brasileiros vêm reconhecendo cada vez mais o direito à dignidade e à identidade.

Não aceite constrangimentos ou desculpas infundadas. Exija seus direitos.

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